Dakar: uma aventura cheia de desafios e de novas experiências
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Quem olha para o mundo das competições off-road nunca imagina que há pilotos que fora das pistas vive debruçado em planilhas e computadores, acompanhando taxas de importações e moedas ao redor do mundo.
O empresário Gunter Hinkelmann se enquadra mais ou menos nessa história e ganha o mundo transportando cargas pelo modal marítimo. Porém, diferentemente da coordenação de navios, quando está nas provas fora de estrada, o leme que o comandante coordena é o que está acoplado aos pneus biscoitos dos veículos.
A tarefa de acelerar e procurar o melhor traçado nunca foi a só. Ele conta com um navegador que lê a planilha e informa as coordenadas mais assertivas para transpor os mais difíceis obstáculos.
No Brasil, Gunter Hinkelmann participa de praticamente todas as corridas off-road. Copa Mitsubishi, Campeonato Brasileiro de Cross Country e, claro, o Rally dos Sertões. Na areia, participou do South American Rally Race, na Argentina, que fazia parte do antigo Dakar Sul-Americano, e agora, o Dakar, ao lado do navegador Fabricio Bianchini.
Ambos estão no Challenger, categoria T3, a bordo de um Taurus MCE5 construído pela Equipe BBR. Desde quando a competição começou, em 5 de janeiro, a equipe já se destacou como a terceira melhor entre os Rookies (novatos) da divisão, logo no segundo dia de prova, e também enfrentou dificuldades. Pneus e mangueiras furados, assim como encerramento de percurso até o fim do dia.
A 46ª edição na Arábia Saudita acontece até 19 de janeiro. O ponto de partida foi a cidade de Alula e a chegada será, em Yanbu, na costa do Mar Vermelho. O percurso total marca 7,9 mil km, dos quais 4.727 km cronometrados e em alguns dos terrenos mais deslumbrantes e difíceis do país, como Rub’ al Khali e Wadi Rum.
Uma das novidades é a etapa de 48 horas, a sexta, que parte e chega em Shubaytah, na região desértica chamada de “Quarteirão Vazio” (Empty Quarter), no deserto Rub’Al Khali, que cobre 650 mil km², sendo a maior área contínua coberta por areia no mundo.
“Por mais experiência que tenhamos, competir no Dakar não é uma tarefa para qualquer um. O percurso tem um piso completamente diferente com o que estamos acostumados, pois está repleto de rochas vulcânicas e é bem complicado de passar. Nos trechos mais difíceis, a nossa opção é não arriscar para que evitemos qualquer problema, principalmente com os pneus”, relatou o piloto.
Para Bianchini, a navegação também é bastante exigida. “Aqui não é uma missão para amadores. A atenção à planilha e aos pontos de referência exige muita concentração, pois há diversas mudanças súbitas de direção. E tudo isso, aliado à poeira no ar. Mas estamos indo muito bem e até o momento completamos todas as etapas”, reforça o navegador.
No total há oito categorias: Motos, Quad, Carro, Challenger, SSV, Caminhão, M1000 e Clássico. Os veículos das categorias Challenger (T3) e SSV (T4) são UTVs ou buggies concebidos para corridas e foram adicionados em 2017. A categoria M1000 destina-se a protótipos de veículos que utilizam tecnologia inovadora, como o KH-7 Epsilon movido a hidrogênio. A categoria Clássicos foi adicionada em 2021 e inclui veículos antigos de ralis Dakar anteriores, alguns com mais 50 anos.
Os brasileiros usam um Taurus MCE5 construído pela Equipe BBR equipado com um motor 1.0, turbinado, de 170 cv acoplado a uma transmissão sequencial de cinco velocidades. A tração é 4×4 e o curso dos amortecedores é de 440 mm.
O esportivo encara as imponentes dunas de areia e uma grande variedade de terrenos. No percurso todo, além das montanhas de areias há rochas irregulares, desfiladeiros e até por um oásis. Vale lembrar que os Dakaristas também têm de viajar em estradas públicas para alcançar os checkpoints. Todo o competidor ou equipe que ultrapassar o limite de velocidade ou não andar dentro das leis locais de trânsito, são punidos também na competição.